segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

'Causos' de motocicleta

AS MOTOS

Nossa viagem foi programada para ser feita (pelo menos até Foz do Iguaçu) em 05 motos: duas BMW R1200GS e três V-Strom (duas 1000cc e uma 650cc). Miltão e sua DL1000 infelizmente ficaram pelo caminho devido a queda perto de Tiradentes/MG, relatada no 1º dia de viagem.

Todas as motos comportaram-se extremamente bem, sendo a DL650 a única que careceu de uma breve 'internação' para ter a relação substituída depois de mais de 8 mil km rodados na viagem e cerca de 25 mil total da moto. Mas o próprio Marcinho assumiu que no dia a dia (ou seja, à exceção de viagens maiores) jamais preocupava-se com a lubrificação da corrente, o que certamente contribuiu para o desgaste prematuro do conjunto.

No entanto, em que pese a bravura da japonesas e sem puxar a brasa pra salsicha alemã, sobressaem-se as BMW.

Corroborando meu destaque, de cada 10 motociclistas brasileiros que encontramos pelo caminho fazendo trajeto parecido com o nosso, sem medo de errar, mais da metade pilotavam alguma GS (principalmente as 1200). No mais, basicamente V-Strom, XT, Tenere, KTM, Transalp e Triumph. Surpreendentemente, poucos modelos custom: quanto mais longe estávamos menos 'harleyros' víamos. Esportivas? Vi nenhuma (por motivos 'ergonomicamente' óbvios). O mais perto dessas foi um brasileiro, muito animado e com uma sacolona de plástico amarrada na 'garupa', chegando a San Pedro numa naked (yamaha XJ6).

Não nego ser um entusiasta da marca bávara - que infelizmente no Brasil ainda é vendida com status de 'grife', o que acredito reforçar a enorme disparidade de preço em relação as concorrentes (que não é tão acentuada na Europa ou EUA) - porém a confiabilidade, segurança e conforto das GS, principalmente se o modelo dispuser de eixo cardã, são indiscutíveis.

Até o consumo foi surpreendente: rodando distâncias iguais em velocidades e condições idênticas, as BMW chegaram a consumir de 30 a 40% menos combustível que as V-Strom, mesmo a 650 do Marcinho. Se o meu tanque ou do Ilo enchíamos com 100 pesos (cerca de 10 litros) o do Serginho ou Marcinho 'gastava' até 140 pesos/14 litros... E isso justificava a consideravelmente menor autonomia das Suzuki.            

ESTRADAS ARGENTINAS E CHILENAS

Outra curiosidade são as estradas chilenas e argentinas. À exceção de um carro alugado na Terra do Fogo (patagônia Argentina e Chilena), eu nunca havia dirigido ou pilotado na América do Sul. No entanto sempre ouvi falar que as estradas vizinhas são muito melhores que as nossas, e que o Chile, nesse aspecto, é o 1º mundo da América do Sul, etc. Não vi nada disso...

Nossa viagem só reforçou imagem que eu já tinha: ambos os países somente se destacam em termos estruturais no entorno de suas capitais. O resto é meio 'esquecido': quase nenhuma estrada de acesso as cidades menores é asfaltada. De fato as rutas principais realmente tem um piso - via de regra - mais bem conservado que o das nossas estradas (onde também cobram pedágio), mas vá lá, as pistas de nossos vizinhos também não são nenhuma brastemp... Principalmente longe das capitais são estreitas, sem acostamento e praticamente sem infra estrutura de socorro e serviços. Convenhamos também que conservar estradas onde chove muito menos que no Brasil (caso do norte do Chile) e transitam muito menos caminhões e outros veículos, é bem mais fácil né?    

CARTÕES DE CRÉDITO

Curioso que fora das maiores zonas urbanas os cartões de crédito, principalmente os com chip, não são bem quistos. Muitas vezes hotéis e postos tem uma tabela com dois preços: en efectivo sai mais barato que no cartão. As vezes muito mais barato... Num posto acrescentaram 0,25 por litro de nafta no cartão, e em Purmamarca o hotel que en la plata era 500 pesos passava para 700 no cartão: 40% de acréscimo!

DESERTO DO ATACAMA

Essa história de que lá é o local mais árido do mundo é mentira; e que não chove a 400 anos, idem. Tanto que, salvo engano em 2012, houve uma monumental enchente em San Pedro, documentada no excelente livro A caminho do céu, do motociclista Rômulo Provetti. Um de nossos guias em SPA disse que lá chove comumente entre o final de janeiro e o início e fevereiro e que essa é praticamente a única chuva do ano, porém dura vários dias, inclusive inviabilizando muitas atrações turísticas da região.

Outra coisa, evidentemente de critério subjetivo: dizer que o Atacama (como um todo) é bonito é sacanagem...rs. Lá pode ser diferente, lunar, até meio surreal. Mas bonito mesmo é o Brasil. Ninguém merece rodar milhares de km mirando a mesma paisagem: basicamente areia e pedra. No começo é ótimo, tudo diferente, etc., mas depois de várias horas (ou dias) com o mesmo visual na frente da viseira - pelo menos eu - comecei a achar monótono.

'CAUSOS' DE MOTOCICLETA

Por fim registro outros casos engraçados que voltaram a mente depois de fechado no blog o respectivo dia em que eles ocorreram.

1) TRILHA DE GS

Creio que há efêmeros 'momentos motociclísticos' em que a prudência e o bom senso parecem ter caído da nossa bagagem naquela curva que passou. Ainda bem que na maioria das vezes tais predicados 'nos alcançam' na reta seguinte para, novamente, nos impedir de fazer alguma besteira. O problema é esse meio tempo entre a curva e a reta...rs.

Aconteceu comigo em Foz do Iguaçu, no final da manhã do terceiro dia de viagem. O GPS insistia em nos mandar pra Argentina via Paraguai e acabamos engarrafados naquela enorme fila da ponte da amizade onde constatamos estar no caminho errado sem ter como voltar. Depois de alguns minutos, frustrado sob aquele calor escaldante, decidi imprudentemente fazer da GS uma CRF230 e subi no paralelepípedo visando descer um barranquinho na lateral da avenida, a fim de fazer o retorno pela marginal. Gritei pros companheiros que se desse certo eles poderiam vir atrás. Ledo engano...  

Cruzar o meio fio (sem calçada do outro lado) com aquela 'bigorna' e suas malas já não foi tarefa fácil. Pior foi quando desci o tal barranco de grama, pois na parte mais baixa tinha uma valeta de chuva ocultada pelo mato alto. Por sorte a roda dianteira com suas 19 polegadas passou pelo buraco, já a traseira, menor e com maior peso concentrado, bateu lá no fundo como uma pedra.

Eu, que não esperava o baque, sofri o impacto nas costas e de tanta dor não conseguia nem respirar direito. Com o 'sangue quente' acelerei fundo e com os pés no chão e fiz a moto subir o que restava do barranco até a rua, onde imediatamente parei, desci e tive que me sentar por vários minutos até recobrar o fôlego.

Pior foi que Ilo e Marcinho seguiram em frente e, há poucos metros dali, encontraram um retorno que os deixou ao meu lado em questão de minutos. rsrs

A dor lombar me acompanhou por dois dias e só melhorou depois de muito gelol spray... rs. Nas primeiras horas depois da 'burrada' eu só conseguia caminhar com as costas levemente arqueadas e em alguns momentos daquele dia achei que se não melhorasse teria que abortar a viagem.

Daí a conclusão que uma simples atitude impensada poderia ter culminado com o fim do passeio, pelo menos para mim.

2) O MÁRCIO DE BOTAS

Na foto seguinte Marcinho - tranquilo como de costume - e suas botas não impermeáveis, ambos que deram sorte de rodar 10 mil km sem pegar 5 km de chuva. A imagem é do 1º dia de viagem durante a única e rápida chuva que (quase) pegamos. Na ocasião ele, solene, sacou do baú duas sacolas de supermercado e uma fita larga pra ajustar as botas à situação... Figuraça mesmo...rsrs

Reparem na bota 'preparada' com duas sacolas de supermercado e fita larga já toda solta pela ação do vento: "Agora pode até nevar no Paso de Jama que tô preparado!" rsrsrs

3) MOVIDO A DIESEL

Ao chegar em San Luis/ARG, como de costume paramos num posto antes de procurar hotel. Assim nos informávamos (segundo Sapavini, amigo cachoeirense e motociclista 'véio de guerra', "O melhor GPS que existe é o frentista") e na manhã seguinte as motos já estariam abastecidas.

Cidade grande, posto bacana, cada moto numa bomba.

Reparamos que Marcinho, porém, discutia freneticamente com o frentista dizendo que queria gasoil na sua moto e não nafta, enquanto apontava pra bomba do tal gasoil... O frentista, paciente (característica pouco frequente nos hermanos), explicava: 

- Señor, no se puede poner gasoil en su motocicleta!
- Por que não? No Brasil só uso gasoil!!!
- No señor, gasoil no es para motocicleta...
- Que não é o quê! Eu quero gasoil! Você não quer colocar por que é mais barato né?

O frentista deu de ombros...

Marcinho, indignado, veio até nós contar sobre a petulância do argentino que não respeitava o cliente, ao que respondemos que a tal gasoil lá era óleo diesel...

- Ah é?
E gritou pro frentista:
- Então bota nafta mesmo!...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Posfácios

Aqui seguem as considerações finais de los cuatro amigos viajeros, começando pelo Serginho que conta sua viagem a partir do dia que nos separamos em Rosario.  


SERGINHO

Começando a história a partir da parte que me cabe, já que nos separamos em Rosário, Argentina.
Seguia eu tranquilo na viagem, já sabendo que meu pneu não estava em ótimas condições ainda na saída para a viagem e por isso, em silêncio, para evitar bronca dos amigos, ia monitorando seu desgaste. Eu não contava com o calor escaldante argentino e já na volta, desistindo de uma ultrapassagem, acabei por fritar o pneu para voltar para minha pista. Estava guardando o comentário da fritada para a próxima parada, já que foi uma situação meio perigosa porque a moto, pesada como estava, “sambou” a traseira. Mas esse comentário perdeu a graça quando vi o que aquela freada tinha rendido: pneu na lona. Putz, ainda faltava mais de 1200km pra chegar em casa e trocar o pneu.

Que fique claro que não estou me justificando e aproveito o espaço para pedir, publicamente, desculpas aos amigos pelo meu vacilo em relação à condição do pneu. Quando vi aquilo pensei em não falar nada com nenhum deles, mas me impressionou tanto que a exclamação – em voz alta, sem querer – foi escutada pelo Rodrigo. O Ilo nem queria que eu continuasse andando por causa do perigo. Ainda rodamos mais cerca de 160km até Rosário, que era a maior cidade por perto, e eu sendo escoltado pelos amigos a uma distância segura bem mais lento do que vínhamos andando.

Chegamos em Rosário – já era programado entrar na cidade para ver o movimento do Rally Dakar, cujas máquinas e pilotos estavam se apresentando numa das principais praças da cidade. Eu mal vi aquilo. Estava desolado com meu amadorismo, ainda mais que já tínhamos procurado por lojas na cidade e todas estavam fechadas. Aquela colonização espanhola me enchia de esperanças antes de chegarmos à cidade, esperando que a ciesta fizesse com que o comércio ficasse aberto ate mais tarde, inclusive no sábado. Doce ilusão. Estava tudo fechado.

Procuramos um hotel para que eu pudesse ficar – e esperar até segunda, quando o comércio estaria funcionando normalmente. Acontece que já tínhamos uma recomendação de que Rosário é perigoso e pra reforçar um camarada desceu da sacada de seu apartamento para avisar que não deveríamos deixar as motos sozinhas enquanto assistíamos a apresentação do Dakar (e entendemos bem o porquê). O hostel que fiquei chegou a me assustar. Parecia coisa de filme de terror (Hostel Point), mas depois fiz umas amizades lá que me tranquilizaram e no final já estava tranquilão. Meus camaradas me deixaram lá e seguiram viagem até sei lá onde, porque não conseguia conversar com eles.

Como eu já estava lascado mesmo, fui pelo menos almoçar bem (Don Ferro), às margens do Rio Paraná. Llomo de responsa, mas a conta cara pra c¨%$¨%(&. Finalmente chegou segunda-feira e eu, com tudo arrumado, já saí pra achar a loja e comprar o pneu. Meu Deus, que luta! Saí pensando em procurar o melhor preço, depois passei a pagar qualquer preço e depois só queria achar o pneu. Encontrei numa loja (Sandin Repuestos) – depois de muuuito rodar procurando – uma medida diferente, mas que serviria na minha moto. Depois disso a saga seria encontrar onde trocariam. Parafraseando Chitãozinho e Xororó, “andei, andei, andei até encontrar...” a Moscato Neumáticos y Servicios. Caramba, Octavio Moscato é um cara de valor. Mandou que fizessem o serviço na hora e quando fui pagar, o cartão não queria passar (na Argentina eles têm um certo problema com cartões com chip) e eles disse: “não precisa pagar”. Acho que ele foi com a minha cara. Ele foi tão gente boa que eu não tive coragem de aceitar a oferta e paguei com os pesos que ainda me sobravam (poucos). Ainda na Moscato conheci Luis, argentino que está de viagem marcada pro Brasil (Bombinhas, SC) de carro e estava lá dando uma geral pra rodar. Gente fina também, me deu uns toques sobre melhores rotas e até me chamou pra almoçar na casa dele. ;o)

Depois de tudo isso, consegui sair de Rosário por volta das 13h45 (horário argentino) e cheguei a Uruguaiana por volta das 21h. Boa é que a aqui no sul o sol se põe bem tarde, ainda mais no horário de verão. Na verdade eu só queria estar no Brasil de novo, sentir a segurança do próprio país (por mais problemático que seja..ehehe).

Em Uruguaiana encontrei com um chegado que deu umas indicações de hotel e de um “xis”, que é o sanduíche do sul (um pouco diferente do sudeste).

Acordei cedo em Uruguaiana no dia seguinte, troquei o óleo do motor. Queria trocar as pastilhas de freio traseiras, mas em Uruguaiana não consegui achar o modelo que servia na minha moto. Então me pus na estrada de novo sem freio traseiro, de Uruguaiana a Santo Ângelo – só freio dianteiro e motor. Um calor sem condições. Sem GPS fui usando a velha tática de seguir as placas e acabei por chegar a Santo Ângelo por um caminho que nunca tinha passado até aquele dia. Já familiarizado com a parte de estrada que conhecia foi só alegria... já cheguei direto na Indians (www.indians.com.br) pra contar as peripécias da viagem e escutar um pouco de lorota daqueles Guaranis.

 Passeio antes do almoço à beira do Rio Paraná.

Almocinho de responsa no tal Don Ferro. Gostoso, mas caro!

Paso de los Libres, um acesso ao Brasil – da Argentina – que ainda não conhecia.

Ponte internacional Paso de los Libres. Separando os países, o Rio Uruguai.

Entrada de Uruguaiana/RS

No meu caminho “alternativo” tinha ponte que só passava um veículo de cada vez e essa ponte aí me parece de uma antiga linha férrea.

Última parada pra abastecer – e mim e a moto – antes de chegar em casa. (cortesia www.rastromotoaventura.com.br)


ILO

Após 16 dias e 9260km rodados, tive a grata surpresa de, a 35km de Itaúna, mais especificamente no Restaurante Pingo de Ouro (BR381), ser recebido por 4 companheiros do Navegantes Motogrupo: Alan, Homero, Marinho e Reimão. É muito bom ter amigos! Obrigado!



RODRIGO


“Viajando de motocicleta, vemos as coisas de um jeito completamente diferente. Num carro, você está sempre dentro de um compartimento e, por estar habituado a isso, simplesmente não percebe que o que vê pelas janelas do carro é só uma outra versão da televisão. Você é um observador passivo e tudo passa tediosamente à sua frente, enquadrado por uma moldura.
Numa moto, não há moldura. Você entra em contato direto com tudo à sua volta. Está dentro da paisagem, não apenas contemplando-a, e essa sensação de presença é incrível. O concreto que passa voando dez centímetros abaixo de seus pés é real, é o mesmo chão no qual você pisa, está ali, passando numa velocidade tal que é impossível focalizá-lo com o olhar; mas, quando quiser, você pode baixar o pé e tocá-lo, e a coisa toda, a experiência como um todo, nunca se afasta da consciência imediata.”
A citação, felicíssima aos meus olhos, evidentemente não é minha. Mas reforço-a dizendo que para mim, viagem de carro (ou avião) só fica boa quando chego ao destino, enquanto de moto a própria estrada faz parte do conjunto.

Bem antes de conhecer – e devorar – o livro ‘Zen e a arte da manutenção de motocicletas’, escrito pelo filósofo estadunidense Robert M. Pirsig na década de 70 (e ainda atualíssimo), eu já tinha a mania de nas viagens de moto ‘raspar’ a sola da bota no asfalto de quando em vez.

Não sei se para mim esse simples ato ‘torna a experiência mais próxima da consciência imediata’, mas, de toda sorte, concordo plenamente com o autor que viajar de moto é um experimento único, extremamente sensorial tanto física quanto mentalmente.

Particularmente, faço do 'moturismo' um momento singular de introspecção. Por isso nunca me rendi aos intercomunicadores, MP3, bluetooth conectado ao celular, etc. Dentro do capacete grito, silencio, canto, e as vezes até choro; e certamente não quero que – num deslize tecnológico meu – os companheiros ouçam 'via rádio' meus devaneios...rs. Lado outro, tampouco desejo passar horas ouvindo outro desafinado cantar, e nem mesmo casos, histórias ou descrições do que eu também acabei de ver, além de repetidas suspeitas de ‘um barulhinho estranho’ na moto, vontades de ir ao banheiro, etc. Para isso temos as sempre divertidíssimas prosas nas paradas e, pros 'causos' mais longos, os fins de tarde e/ou as noites numa mesa de bar ou restaurante em nossos destinos; noites que sempre são curtas quando a turma é boa e que imagino tediosas caso passemos o dia todo conversando na estrada pelo scala rider...

Dito isso, afirmo minha plena concordância com a boa filosofia de meu amigo cachoeirense e motociclista Gildo Dalto: “De moto não se viaja ‘junto’. Se fosse pra ir junto, iríamos de van.” rsrs

Na linha ‘gildoniana’ de raciocínio creio que viajar de moto sempre será uma experiência individual, por mais numeroso seja o grupo. Afinal, a responsabilidade sobre sua máquina, seu equipamento, sua condição física e mental, etc., é só sua. A maior parte dos riscos, idem. Contraditoriamente, a maioria de suas decisões individuais durante e até  antes da viagem muito provavelmente refletirão diretamente em todo o grupo. Daí a necessidade de doses cavalares de bom senso e sintonia.

Ainda com relação ao livro de Robert M. Pirisg não o aceite como sugestão de leitura caso pretenda aprender algo sobre manutenção de motos... Lá não tem nada disso. Na verdade a viagem de moto serve apenas como pano de fundo para contar história factual vivida entre pai e filho, que juntos viajam sobre duas rodas por estradas vicinais dos EUA da década de 70.

Se há em você paciência para um pouco de filosofia existencial permeada nada menos que por uma trip sobre duas rodas, vale a pena lê-lo; preferencialmente nas horas vagas (?) de uma grande viagem de moto. 

Mas isso se ainda houver espaço no baú ‘só pra mais um livro’, ou se mesmo com o corpo moído depois de 12h de pilotagem, das cervejinhas e daquela jantinha 'light’ numa biboca perto do hotel, você ainda tiver pique para leitura; que por bom senso deverá ser feita a luz de lanterna para não incomodar o companheiro que na cama ao lado - ou no beliche - ronca absurdamente sem, no entanto, tirar o sorriso de felicidade do rosto, daqueles que só quem viaja de moto entende...rs.


MARCINHO

As imagens, cheiros e sensações ficaram fortes em minha mente. Pilotar se torna uma meditação, vem um nada de pensamento junto com uma vontade de agradecer por estar vivo. Deus existe. Me senti mais perto Dele no deserto.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Vídeos

Aqui deixo alguns vídeos curtos, em ordem - mais ou menos - cronológica. Vou postando mais, aos poucos. 

Fila na aduana Brasil X Argentina

Retões na Ruta 16 que cruza o Chaco argentino: animais na pista (sem acostamento) e 'agradáveis' 44 graus


Marcinho explicando o Pampa del Infierno

Clima mais ameno já aos pés da cordilheira

Vista de Purmamarca, Jujuy, Argentina


Animais na pista - Paso de Jama

Lhamas e ovelhas na pista - Paso de Jama

Laguna Cejar - 24% de sal


Ojos del Salar. SPA. O único corajoso a pular de ponta!


Por do sol e pisco sour no salar de Atacama

Pastel de vento chileno ou 'cavaco da vovó' segundo o Marcinho...rs

Rio Putana e vulcão ativo em SPA


Gêiseres del Tatio


Cavernas no Valle de la Luna, SPA

Valle de la Muerte, SPA


Ruta 5 (Panamericana), próximo a Mano Del Desierto


Costeando o Pacífico: Deserto e Mar

Condor planando a 4 mil metros no Paso de Los Libertadores. No vídeo ele tá parecendo um urubuzinho, mas ao vivo era bem maior...rs


Há vários túneis na cordilheira, esse foi um dos menores

Rio Paraná, Santa Fé

Campos de Girassol e Soja na Província de Santa Fé

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Décimo sexto dia (09/01): Varginha/MG X Cachoeiro de Itapemirim/ES (669,2 km)

Última 'perna' da viagem. Eu - confesso - estava mais ansioso e apreensivo do que qualquer outro dia. Afinal, sem pelo menos a companhia da esposa, nunca tinha ficado tanto tempo fora de casa.

Serginho já estava tranquilão em Santo Ângelo/RS, com o pneu e o óleo da DL1000 trocados... rs. Hoje, para o Ilo seriam cerca de 260km até Itaúna, mas para eu e Marcinho o dia era mais puxado: quase 700km até Cachoeiro. 

Arrumamos as tralhas nas motos pela última vez (ufa!) e saímos de Varginha depois das 8h. 

De Varginha ao trevo de Lavras é um pulo, menos de 80km; e de lá a Itaúna outro: 170km. Paramos para fotos e nos despedimos do Ilo por volta de 9h. Ele seguiria pela BR 381 até o trevo de Itatiaiuçu/MG onde seu filho Alan e outros amigos do Navegantes Motoclube o aguardavam, todos também de moto. Nós entramos na BR 265 sentido Lavras, São João Del Rei, BR 040, BR 116...

Viagem tranquila, 'cercando a chuva'. A propósito, o que mais fizemos a viagem toda foi cercar chuva. Nos mais de 10 mil km rodados não pegamos praticamente um pingo. À exceção do primeiro dia (que o Miltão caiu perto de Tiradentes, quando na verdade nem estava mais chovendo) as capas de chuva voltaram como foram: intactas. E olha que choveu muitas vezes ao nosso redor. Pegamos muito asfalto molhado na Argentina, no Paraná e agora em em Minas e no Espírito Santo. Até no Paso de Jama - onde uma chuvarada pode complicar a situação do mais preparado motociclista - as nuvens negras foram companhia.

Minhas suspeitas lá do começo do blog se confirmaram: São Pedro é motociclista e as trovoadas são, quem sabe, o ronco do escape aberto de sua tetracilíndrica celestial...rs.

A viagem seguiu tranquila, abastecemos e almoçamos na BR 040 em Barbacena/MG, onde pelo WhatsApp do Alan tivemos notícia que o Ilo chegara bem em casa. No fim da tarde entramos na BR 101 no sul do Espírito Santo e chegamos ao trevo de Cachoeiro perto das 16h30min. 

Marcinho estava na dúvida se ia pra casa pegar umas roupas 'frescas' e o carro (naquela altura a boa e velha companheira de duas rodas já era preterida...rs) para se encontrar com a família que passava a semana na praia em Marataízes, a 40km de Cachoeiro, ou se ia direto de moto mesmo. A saudade falou mais alto e ele foi direto, cheio de roupas sujas: "Lá eu compro uma cueca e tá bão!" rsrs

Nos despedimos no 'Trevo da Safra', na BR 101. Dali até minha casa não mais que 15km.

Todo mundo já ouviu falar naquela estatística que a maioria dos acidentes ocorrem próximos de casa, seja na ida ou na volta, certo? Eu também a conheço e a engrossara em 2011 quando, depois de 5.400km na volta de viagem entre BH e Bonito/MS, caí (sem maiores danos senão feridas no orgulho) dentro da concessionária BMW na capital mineira... Tudo bem que os pisos 'de azulejo' da maioria das concessionárias BMW são um acinte aos motociclistas, muito mais em um dia de chuva como aquele e principalmente se você entrou lá exatamente para trocar seu pneu traseiro liso. Mas isso é outra história, e minhas ruidosas reclamações ficaram devidamente registradas tanto na Euroville quanto naquele feedback à marca.             

Pois é. Estatística é fogo e tem que ser respeitada. Já dentro de Cachoeiro tinha uma obra numa avenida com um 'siga e pare' manejado pelos trabalhadores. Claro que fiquei parado... Tirei as luvas, abri a jaqueta, respirei o familiar (quente e abafado...rs) ar do verão da terra de Rubem Braga. Cheguei em casa! Beleza!

Na pole position da fila, arranquei - junto com uns 3 ou 4 motoboys - assim que o funcionário de laranja virou a placa verde pro meu lado: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª - quebra molas - 3ª de novo, 4ª marcha. A meros 5km de casa, num trevo de preferência obviamente minha - porém com visão coberta por um caminhão parado na fila do 'siga e pare' na pista contrária - uma Camionete Ford Ranger surge cruzando a pista na minha frente. Só deu tempo de contar com o eficiente ABS da GS, sem o qual creio estaria escrevendo o blog de um leito na unimed.

A pancada foi inevitável, exatamente no pneu dianteiro da Ranger. Evidente que no momento do impacto minha velocidade já estava bem reduzida pela frenagem, mas mesmo assim um segundo antes pulei da moto que bateu forte e tombou pro lado direito. Eu caí em pé, a moto, segundo um motoqueiro que vinha atrás, chegou a levantar a traseira apesar do peso ali concentrado pelas malas e 'artefatos paraguaios'. 

Só deu tempo de pensar, revoltado: "Não creio... 10.200km de estrada sem um incidente e vou bater logo no quintal de casa?" Depois de uns impropérios lançados ao incauto motorista - que se desculpava e perguntava se eu realmente estava bem - trocamos telefones, documentei tudo através de fotos e vídeos e coletei dados de testemunhas. 

Fui para casa pensando tanto na minha sorte quanto como é incrível a robustez da GS, que além de arranhões na mala e no protetor de motor do lado direito, careceu apenas de um leve alinhamento na dianteira (ela já passou pela revisão do Marquinhos no Estaleiro Motos e pela Brücke Motors, concessionária BMW em Vitória).           

Segundo o GPS, 16 dias e 10.205,4 km depois eu estava de novo na garagem de casa. No velocímetro da moto, outra medida: 10.138 km. Marcinho - nosso assessor para assuntos tecnológicos e correlatos - diz que a diferença é por causa do GPS 'ler' os relevos diferentemente da roda da moto. Ignorante nesses assuntos, acredito no amigo.       


Na garagem do hotel de Varginha arrumando as motos para o último dia de estrada

Despedida do Ilo no trevo de Lavras/MG 

Saudade das 'flanelinhas' e do cuidado dos frentistas dos postos brasileiros, que protegem até o último pingo. Na Argentina e Chile, até o banco da moto levava banho de nafta (ou benzina)...

Despedida do Marcinho, que foi direto para Marataízes encontrar a família


Prejuízo na GS: mala lateral, protetor do motor e de mão arranhados 



Trevo onde ocorreu o acidente: o motorista desatento da ranger atravessou a pista sem olhar 



Décimo quinto dia (08/01): Campo Mourão/PR X Varginha/MG (966,2 km)

O dia hoje não teve muito o que contar. Nossa meta era fazer o mesmo percurso da ida, ou seja, chegar a Varginha/MG. Chegamos tranquilos - e já escurecendo - à terra do ET mais famoso do Brasil e nos hospedamos no mesmo hotel do primeiro dia de viagem (Hotel Globo, quarto individual simples mas honesto em função do preço: R$50,00). 

Fora isso, merecem menção só o cansaço batendo e a vontade de chegar em casa logo. Destaco também o peso das motos (culpa das compras 'paraguayas'), verdadeiras bigornas. rsrs. Tanto que o parafuso de fixação do suporte do baú do Ilo quebrou e ele teve que fazer uma gambiarra para poder chegar em casa com segurança.

O Marcinho parecia mais arrasado. Ele, que segundo o próprio dorme 12 horas por noite (rsrsrs), sentia os efeitos de várias noites de sono curto... Red Bull estava descendo igual água. Mesmo assim em toda parada para abastecer ele dava uma 'cochilada' num banco ou até no chão do posto. kkkk   

Em Varginha - cidade movimentada mesmo sendo dia de semana - jantamos num restaurante árabe no quarteirão do hotel. Bem bacana mas de preço salgado. Dormimos logo pois dia seguinte seria a 'arrancada final'.

Suporte do baú avariado pelo peso das muambas. rsrs




quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Décimo quarto dia (07/01): Foz do Iguaçu/PR X Campo Mourão/PR (318,6 km)

Se toda vez que vamos a SP o Marcinho nada de braçada na Rua 25 de março, no Paraguai o camarada era mais bicho solto ainda...rs. Eu e Ilo nos limitamos a segui-lo, bem como todas suas dicas. Afinal, são várias visitas no currículo, então aqui o 'cobra coral' estava realmente no seu habitat...rsrs 

Nosso único refugo entre as dicas do amigo foi a sugestão de atravessar a ponte da amizade na garupa de um motoboy numa motoca muito suspeita, que trepava em tudo quanto é meio fio, e ainda por cima usar aqueles capacetes amarelos peçonhentos... Tô fora. De moto, a nossa já basta.  

Atravessamos a ponte a pé, o que acabou valendo a pena pelo menos para mim que não conhecia Ciudad del Este: o visual do Rio Paraná é demais! Do outro lado da ponte tumulto geral, o verdadeiro samba do crioulo doido. Vende-se de tudo, de água quente a helicóptero. Pneu de moto é uma pechincha! Impressionante que tem muita gente armada lá, até alguns seguranças de loja usando tênis, bermuda e de escopeta na mão. Mas o mais complicado continuava sendo acompanhar o Marcinho, que se esgueirava pelos becos, entrava numa loja pra 'atalhar' e sair na outra rua, etc. 

Acho que é quase impossível passar com os bolsos incólumes por Ciudad Del Este. Compramos como se estivéssemos viajando em três camionetes. Celular, relógio, tablet, máquina fotográfica, brinquedos, até retroprojetor e aquelas enormes mochilas de criança agora teriam que caber nas motos. Como aqui os celulares já 'davam área', os parentes aproveitavam pra fazer as encomendas...kkkk

Pra caber isso nos baús vou ter que mandar todas minhas roupas sujas (e até as lavadas) pelo sedex, pensei.

Voltamos ao Brasil de taxi, receosos de sermos parados e taxados já que a cota estava prá lá de estourada. Só Marcinho estava tranquilão: "não para nada...". De fato falou a voz da experiência. Passamos direto. 

Chegamos no hotel ainda sem almoço perto das 15h e até arrumar aquela tralha toda nas malas e ajeitar tudo nas motos já eram quase 17h. Com justiça nos cobraram mais meia diária. Na Daytona Motos tudo certo: relação da VStrom trocada, óleo da GS do Ilo completado; e, de cortesia, todas as 03 motos lavadas e com pneus calibrados. Nos livramos enfim daqueles milhares de insetos impregnados nas bolhas e radiadores. 

Saímos de Foz depois das 17h com intuito de rodar até onde desse, parando quando caísse a noite. Como nessa época (e no horário de verão) escurece bem mais tarde, rodamos 318km até Campo Mourão/PR, parando uma única vez para comer e abastecer.

Ficamos no mesmo hotel da ida, Campo Palace, que apesar de ter aumentado os preços na virada do ano manteve pros 'clientes antigos' o mesmo valor de antes para o quarto triplo (R$150,00). Jantamos e tomamos uns chopes também no mesmo restaurante do segundo dia de viagem, mas desta vez as asinhas de frango recheadas que causaram distúrbio intestinal no Marcinho não estavam no nosso cardápio...rs    


Visual do Rio Paraná sob a Ponte da Amizade

Ponte da Amizade: Ciudad del Este ao fundo 

Olha o naipe das motocas cheias de muamba. Minha GS parecia um camelo: voltei no meio de duas corcovas...rs



Nós e o pessoal atencioso da Daytona Motos em Foz do Iguaçu 

Campos de soja no Paraná. A perder de vista.

Mesmo hotel e restaurante em Campo Mourão. Nessa altura a gente só queria chegar logo em casa...rs
  

Décimo terceiro dia (06/01): Paso de La Patria/ARG X Foz do Iguaçu/BRA (601,6 km)

Tanto não estávamos em um hotel que os donos do restaurante pediram para pagar a conta e a hospedagem ontem a noite, pois quando saíssemos de manhã não haveria ninguém lá (era segunda feira e eles iriam fazer as compras da semana em Corrientes). Deixaram tudo aberto. Motociclistas inspiram confiança total! rs

Marcinho deu mais uma 'ajeitada de efeito psicológico' na corrente da DL e saímos de Paso de La Patria quase 9h, com a cidade ainda meio paradona, bem diferente da noite anterior e mais ainda das nossas praias que no verão já estão movimentadas as 7h. 

Seguimos para a Província de Misiones, aquele pedaço da Argentina espremido entre o sul do Brasil e do Paraguai (que inclusive já foi território paraguaio), famosa pelas ruínas das missões jesuíticas na época da colonização espanhola.  
  
O Brasil estava perto e eu não via a hora de chegar em terras tupiniquins, achar um caixa eletrônico, sacar uma grana e não ter mais que me preocupar até com preço do gatorade nas paradas...rsrs. É sério, os pesos eram a conta da gasolina até Foz e em Misiones, na ida, nenhum posto havia aceitado tarjeta de credito, além de ser o único lugar que passamos onde a falta de combustível era uma realidade. Se tem fila no posto, pode parar por que na região só ali tem nafta.

Na falta de plata para comer direito - antes o Marcinho era o mais esbanjador, toda parada eram empanadas, alfajores, capuccinos, picolés; agora só uma aguinha e olhe lá...rs - estávamos detonando o que restava das barras de cereal que trouxéramos do Brasil...rsrs

Já no segundo e último abastecimento antes da fronteira enfrentamos uma fila enorme, sob um sol escaldante. Bacana ali foi que conhecemos um casal de motociclistas venezuelanos, Adalsy e Daniel, que com a sua yamaha haviam atravessado todo o Brasil (da Amazônia ao Paraná) e na Argentina iriam acompanhar o Dakar até o Chile e Bolívia, regressando a Venezuela através do Peru, Equador e Colômbia. Pra mais de 15 mil km nas minhas contas... Tá vendo? Tem gente mais animada que nós!

Curioso foi que na conversa os alertei que na Argentina era muito ruim a aceitação de cartão de crédito (principalmente os com chip) e isso nos causara transtornos. Eles responderam que para eles isso não era problema pois nem tinham cartão de crédito... A Venezuela não permite transações internacionais desse tipo. Disseram também que não traziam celulares e que nem sabiam mexer com e-mail... Adalsy me pediu então para mandar um e-mail para a filha dela na Venezuela, informando que tudo estava bem com eles e mandando meus contatos para futura conversa.  

Mais uma vez ficou claro o companheirismo que só a motocicleta gera: além do e-mail pra filha (que já mandei mas não tive retorno), nos deixaram telefone e foram insistentes em convidar para uma visita a Venezuela, onde Daniel prometeu nos hospedar e ser nosso guia pelas florestas do país ("Até onde der pra ir de moto, pois nossas estradas são muito ruins... Dali pra frente vamos de 4X4 pois além de motociclista sou jipeiro e picapeiro também"). Deu inclusive a dica que uma vez lá devemos trocar dólar no câmbio negro, que paga 10 vezes mais que o oficial. Nessa hora Hugo Chavez deu uma revirada no túmulo...rsrs 

Claro que a recíproca foi verdadeira, também os convidei ao Espírito Santo (e não duvido que venham um dia...). Despedimos dos novos amigos e tocamos sentido Foz do Iguaçu, nossa próxima parada. Nas imediações de Puerto Iguazu - a 'Foz do lado argentino' - a paisagem muda de novo ao cruzarmos o Parque Nacional Iguazu, com floresta densa dos dois lados da pista e muitas placas pedindo cuidado pois ali atravessam animais selvagens. 

Na aduana Argentina X Brasil tudo tranquilo. Fila pouca, burocracia quase zero para nós 'locais'. No caminho inverso nem tanto... A brasileirada que visita Foz além de conhecer o lado argentino das cataratas aproveita a zona franca 'hermana' para comprar - legalmente - umas bebidinhas no Shopping Iguazu... Red Label a 12 dólares? Bão...

Chegamos em Foz lá pelas 16h e fomos direto procurar a concessionária Suzuki (a relação da DL650 capengava depois de quase 1400km estalando...) que por coincidência é de um cachoeirense radicado há tempos por lá. Muito bem recomendados através de prévio contato do Marquinhos - grande amigo e mecânico de confiança em Cachoeiro - que conhece tanto o dono quanto o gerente da Daytona Motos, lá fomos muitíssimo bem recebidos, mesmo não estando presente nenhum dos dois conterrâneos.

A Daytona Motos é autorizada Suzuki mas a oficina é multimarcas, assim até as BMW ficaram por lá já que a do Ilo tinha acabado de acender a luz de óleo no painel. Na VStrom teriam que trocar a relação toda, e a entrega foi prometida para as 14h do dia seguinte.

Nos indicaram - e até nos ajudaram com as malas - um hotel no mesmo quarteirão da oficina, o Ilha de Capri, que por R$230,00 nos instalou num bom quarto triplo: com ar, TV, frigobar, banheiro amplo. Tem até salão de jogos e piscina!..rs (regalias ausentes em todos hotéis que ficamos).     

Calor infernal, enquanto o Ilo dava uma relaxada eu e Marcinho fomos tomar um terere e cair na piscina.

Mesmo de longe, quando dava mantínhamos contato com o Serginho pelo WhatsApp, e ele nos recomendou em Foz a churrascaria e casa de shows Rafain. Fizemos reservas no próprio hotel e por R$85,00 comemos como padres, além de assistir a shows regionais de vários países latinos, com ênfase, claro, naqueles que ali formam a tríplice fronteira.

Depois de várias saideiras fomos praticamente os últimos a sair da churrascaria. Pegamos um taxi de volta ao hotel e dormimos logo pois dia seguinte o batidão era pesado: tentar acompanhar o muambeiro do Marcinho no quarto país que - dessa vez a pé - visitaríamos na viagem: Paraguai!      
    

Marcinho ainda as voltas com a relação da VStrom. Ela aguentaria mais 600km até Foz?


  Restaurante e hospedagem improvisada em Paso de La Patria/ARG. 'Nossa' habitación foi a da primeira janela da esquerda para direita 

Fila gigante na única estación de servicio que tinha nafta perto da divisa das Províncias de Corrientes e Misiones 

Daniel e Adalsy: 15 mil km pela América do Sul... E sin tarjeta! rs 

Minha GS ao lado da yamaha dos amigos Venezuelanos 

Cruzando o Parque Nacional Iguazu

Divisa Argentina X Brasil. Até que enfim! 

    Mesmo sendo daqueles 'pra gringo ver', os shows são bem bacanas

Ilo e Marcinho participando do show! rsrs 

Adesivo do motoclube de amigos cachoeirenses no hotel em Foz